sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Futebol e a força da fé.

 A primeira vez que vi um jogo de futebol foi em 1962. Paysandu 2 x 2 Avante de Salvaterra. Certa estória era contada, a partir do que se lia e ouvia no rádio, nas ruas e o meu saudoso pai, torneiro mecânico, não cansava de repercutir na oficina em que trabalhava ia até que um dia ...

- Vou te levar pra ver o jogo desse feiticeiro.

Contavam que Gentil Cardoso chamado, pelos entendidos do futebol da época, o mestre, técnico do Paysandu, costumava ir ao cemitério de Santa Izabel e dali juntar areia para colocar nos pés das traves de seus adversários quando os enfrentava no estádio da Curuzu. Se for verdade ou não nunca comprovei, contudo naquela década o time bicolor ganhou sete dos dez títulos disputados no Pará. Não entro na discussão da crenças, mas conheci um padre que todas as segundas feiras acendia velas no culto as almas.

- É mais se macumba ganhasse jogo o campeonato baiano terminaria todo ano empatado. Lá não é a terra da macumba? – logo contestariam os incrédulos. Repito que não entro no mérito.

No Rio de Janeiro a fé se confunde nas manifestações que misturam praia, samba e futebol ilustrados pelas cores de Iemanjá, Mangueira, Portela, Beija Flor, Botafogo, Vasco, Flamengo e Fluminense e em todas as suas crendices pela proteção que vem do alto do Corcovado com o Cristo de braços abertos sobre a Guanabara.

Em São Paulo time com nome de santo é o que não falta como se não bastasse ser a terra em fica o Santuário da Padroeira do Brasil, Nossa Senhora Aparecida. O São Paulo de Telê bateu recordes de conquistas mundiais. O Santos de Pelé, Manoel Maria, Giovane, Neymar além dos títulos formou elencos maravilhosos que encantaram o mundo. Até modestas equipes sem apelo e tradição chegaram ao pico da CBF como São Caetano e Santo André. Há quem possa questionar São Jorge, o Guerreiro, padroeiro do Corinthians que passou duas décadas sem ganhar do Santos e sem vencer campeonatos. Admitamos que fosse uma passagem pelo “purgatório”, pois nos últimos anos o Timão vem ganhando tudo, até títulos internacionais e finalmente construir o seu sonhado estádio, o Itaquerão.

Na terra do Blog do Tapajós as maiores marcas, considero o segundo grande clássico da Amazônia atualmente, São Francisco e São Raimundo caracterizam bem essa união. De um lado o azul da humildade, do servir, do repartir. Do outro, preto e branco, o do nascer, mesmo nas condições humanamente consideradas impossíveis. Contando também com as bênçãos de Nossa Senhora da Conceição, padroeira de Santarém. Neste momento em que o Brasil e o mundo católicos aguardam o 221º Círio de Nossa Senhora de Nazaré que deverá reunir, segundo a direção da festa e do Dieese, cerca de 2,1 milhões de fiéis a força da fé no futebol não escapa. O Clube do Remo renova a fé na “Santinha”, clamada de forma emocionante pelo repórter Paulo Caxiado , da RádioClube do Pará, quando da conquista do título Brasileiro da Série C em 2005, agora na direção dos meninos do sub 20 que alcançam uma campanha vitoriosa que se espalha diante dos incrédulos olhos da mídia brasileira. Já o Paysandu de sofrível temporada na Série B do Brasileiro, no dia do Círio, comandado pelo treinador Wagner Benazzi, vai treinar com todo seu elenco exatamente quando todos estarão concluindo a parte do congraçamento, do almoço, das visitas pós procissão.

O cristão, devoto de Maria de Nazaré ou Atleta de Cristo, estes compostos por evangélicos, tem a consciência de que cada um deve carregar a sua cruz. No fim da caminhada, para todas as cores, cumprido o papel, a GLÓRIA será alcançada. Creio. Feliz Círio!




Nenhum comentário:

Postar um comentário