sexta-feira, 14 de março de 2014

PURGATÓRIO

Aprendi desde o catecismo para a primeira comunhão o que é, contudo me socorro ao dicionário Aurélio para o texto ficar mais determinado. Purgatório é o lugar de purificação das almas dos justos antes de admitidas na bem-aventurança. Purgatório é qualquer lugar onde se sofre por algum tempo. Purgatório é um lugar de expiação, padecimento, sofrimento. (BUARQUE DE HOLANDA FERREIRA, Aurélio. Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro. Editora Nova Fronteira S.A. 1998. 2ª Edição. P.1419)
Charles Guerreiro do céu ao inferno. “Acho que não!”, como diz uma vinheta da Rádio Clube do Pará na voz do polêmico cronista Paulo Fernando, o Bad Boy. Eu também penso assim. Charles do Céu ao inferno? Nunca percebi isso na passagem de nove meses que Charles teve pelo Clube do Remo. Viveu no purgatório!
Os noticiários esportivos poderiam destacar que após a conquista do primeiro turno do Parazão 2014, ausente do Baenão há cerca de uma década, e a classificação histórica às semifinais da I Copa Verde, ao empatar com o Nacional AM em 2 x 2, no primeiro teste FIFA da Arena da Amazônia, um dos palcos da Copa do Mundo 2014, no Brasil (classificação histórica, sim, considerando que nós paraenses não ganhamos tal condição por incompetência política dos que detinham o poder de então. Histórico pois considerando que o futebol vive desses fatos e a FIFA, como grandes clubes do mundo, sabem muito bem tratar desses produtos promocionais de suas marcas,ainda teve o mineiro Max, zagueiro do Clube do Remo PA, marcando os dois primeiros gols de momento emblemático do esporte bretão) e dias depois ser humilhado em pleno Mangueirão pelo Internacional RS goleado por 6 x 1, pela Copa do Brasil da temporada, levaram o técnico Charles Guerreiro do céu ao inferno do futebol. Nunca vi assim! Charles viveu no purgatório, mesmo com as vitórias.
Duas situações que levariam qualquer treinador a índices altíssimos de popularidade em qualquer agremiação do planeta. Menos com Charles Guerreiro, no Clube do Remo! Foi assim desde sua chegada ao Leão Azul da capital. Estava em alta no Paragominas, mas a tentação de dirigir um dos maiorais do estado foi constante. Foi um vai lá vem cá danado. Antes de definir sua contratação, só era boato até então, seguia em Paragominas e não escapou da pecha de mercenário, sem ser! Essas negociações são normais no futebol. Ele cumpriu a missão no município verde. Nada impediria sua saída para outro time. Não entendiam assim alguns cronistas, torcedores e dirigentes verdes. Mas Charles nove meses atrás desembarcou no Baenão. Sua presença, todavia, não inspirava suspiros de completa satisfação azulada. Corneteiros, fanáticos ou torcedores comuns logo o relacionariam com o maior rival graças sua brilhante carreira iniciada no Paysandu seguida de passagens vitoriosas no Flamengo RJ que o levaram à seleção brasileira. Nada disso interessava. “Charles é mucura!” Acusavam seus desafetos também nas redes sociais em referência pejorativa ao grande adversário da Curuzu com Almirante Barroso. Não deu mais. Charles caiu ontem à tarde. Ele não é mais técnico do Clube do Remo. Agnaldo, o auxiliar, assumiu a função bradando que “no Remo não há lugar para amadorismo”, referência possivelmente para alguns jogadores que até agora nada apresentaram de comprometimento com o clube apesar de altos salários como é propalado por parte da mídia.
Sei que tem o Remo x Paysandu domingo na primeira partida de duas que definirão o finalista da I Copa Verde para decidir o título com um de Brasília e assim ganhar uma vaga brasileira na Copa Sul Americana, mas preferi fixar estas palavras no Charles Guerreiro por entendê-lo como um dos mais importantes nomes que o futebol paraense já produziu para o País e não me somo aos que o detratam, pessoa humana digna, porém devo reconhecer que jamais  operou no céu azulino, coisa de paixão, de pele, entendem? Poucos o queriam lá. Viveu no purgatório! Até a próxima.

Um comentário:

  1. O senso comum é o que prevalece na relação clube, torcedor, treinador e dirigente.O caso do Clube Palmeiras e Felipão é um grande exemplo.

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